Thiago Silva, zagueiro e capitão da seleção brasileira, falou que seu choro durante o jogo contra o Chile, no último sábado, é a coisa mais natural do ser humano e usou até a luta que teve contra a tuberculose durante a sua vida para justificar a emoção. Em entrevista coletiva ao lado de Felipão nesta sexta-feira, no Castelão, em Fortaleza, o jogador disse que não se importou com as críticas que tem recebido da imprensa e de parte da torcida pela atitude na hora decisiva.
"Não tenho nada engasgado, muito pelo contrário. Não escutei muitas coisas. Mas eu acho que a coisa mais natural, essa pressão, esse comentário. Para mim, não vai agregar em nada, não vai me ajudar. Em termo de psicológico, a gente está bem. Quando a gente se entrega pelo o que a gente ama, é normal a gente descarregar. A pressão é muito grande para ganhar. Eu me entrego e a descarga foi por isso. Não tem como não se emocionar quando faz com gosto. A equipe está bem, muito motivada. E nos últimos quatro confrontos (com a Colômbia) a gente teve quatro empates, o que mostra que vai ser difícil", disse o zagueiro.
"Quando essas coisas são ditas, você tem de olhar para o lado. O comandante está aqui do meu lado. Em momento nenhum, ele contestou minha atitude. Não tenho que ligar para o que dizem, as pessoas não me conhecem. O próprio Marin (presidente da CBF) me ligou, almoçou com a gente e disse que está tudo bem. Não tenho que ligar para o que as pessoas falam. Eu tenho caráter dessa maneira, sou emotivo, é a coisa mais natural do ser humano. Mas eu vejo por um outro lado, que isso não me atrapalha em nenhum momento, as pessoas estão falando bobagem, que pode atrapalhar. Na minha visão, não atrapalha. Eu passei por um momento muito difícil, superei tuberculose... E eu posso falar que sou campeão, não só fora como dentro do campo. Tenho minha maturidade e o respeito de todos. Não é generalizando. A imprensa está dividida. Uns falam mal, outros apoiam. A gente precisa de apoio. Porque nada negativo que seja dito a gente vai deixar entrar aqui", completou.
Antes mesmo de partir para mais uma resposta, Thiago Silva recebeu o apoio de Luiz Felipe Scolari, que interrompeu a coletiva para citar um caso que viveu quando comandava a seleção de Portugal, na Eurocopa de 2004.
"Eu acho que todos aqui já ouviram falar de um senhor, o maior jogador do mundo durante um tempo, o Luis Figo. O Figo, na Euro de 2004, em um jogo com a Inglaterra, eu o tirei aos 20 minutos do 2º tempo e coloquei o Postiga. E nós empatamos, o Helder participou do gol e tudo mais, e o Figo ficou no vestiário. Fui muito cobrado que o Figo não estava junto com os outros. Mas, no segundo momento, ficou claro que o aconteceu é que o Figo ficou em frente a imagem da Nossa Senhora de Fátima rezando pelos companheiros", disse o treinador.
"Se alguém se abaixa para rezar ou agradece a Deus pela mão espalmada precisa respeitar. Eu beijo minha nossa senhora do Caravaggio. A gente poderia respeitar as individualidades. Não são as pequenas coisas que façam o time melhorar ou piorar. São atitudes de cada um. E ficou comprovado depois (que o Figo estava rezando)".